quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Em volta de mim

Eles estão todos jogados nessas ruas sem cor, fingindo ser melhores que as abelhas. Será que sou um deles? Cada vez mais apertados em baixo da terra, nesses tubos barulhentos e opacos. Cada vez mais distantes uns dos outros com esses fios pendurados no pescoço, que sobem em direção a cabeça e tapam os ouvidos. Cada um preso na sua fuga, no som que abafa a realidade e exclui quem não tem seu próprio fio caindo sobre o ombro.

Respirar? Por enquanto dá. Comer? Já não dá mais pra saber o que a comida esconde. Tem até pó que vira sopa! E o leite virou pó! E gente morrendo de fome enquanto outras estão morrendo de tanto comer.

Ninguém se enxerga, só olha. Se em cinco minutos não se agradam, não se veem nunca mais. Se em cinco minutos se agradam, ficam mais cinco, e depois não se veem nunca mais.

O tempo é a coisa mais importante por aqui. Querem dinheiro pra ter tempo. Querem Poder pra ter tempo. Querem injeções de tempo.


E quando paro pra pensar, olho um pra tentar enxergar o todo. Esse um, que vê o todo e só enxerga a si mesmo.

2 comentários:

Mari Lacanna disse...

Ahhhh, como eu gosto de entrar aqui e encontrar um post novo!

Unknown disse...

Escreves bem, de verdade.
O mais estranho...fazemos isso pensando que estamos enriquecendo...ou simplesmente para pagar as contas.
Solto a risada mais espontanea nessa hora...ou sorrio por estar animado ainda com essa vida que não muda durante a semana!me animas menina.