quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

(Des)culpa

O dia era de muito calor no Rio de janeiro, onde passei as férias neste fim de ano. E ao entrar num supermercado não imaginava o que me esperava. O próprio inferno na Terra. Não somente pela temperatura, mais principalmente por, bem, basicamente tudo.

O local era horroroso, imundo, lotado. Cheio de crianças (claro que elas estavam chorando e fazendo birra). Era um empurra-empurra frenético, porque imagino eu, ninguém estava agüentando ficar ali. O calor da cidade pede poucas roupas, o que é ótimo se você está num lugar espaçoso, onde ninguém vai encostar o braço gordo e suado nas suas costas limpinhas, que acabaram de sair do chuveiro. Não era esse o caso.

Nesse cenário, com cheiro de cebola misturado com sabonete de quinta categoria, aconteceu o inevitável: esbarrei num cara. Não de propósito, mas como estava de saco cheio, fiz o que qualquer um faria, não pedi desculpas e continuei meu caminho. Ele ficou puto. Muito puto. Falou qualquer coisa que eu não entendi. Então me deixou com uma culpa terrível. Eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser procurar o cara e me desculpar com ele. Explicar que não foi de propósito, que diferente de todos ali naquele ambiente, eu era educada e sabia sim pedir desculpas. Até que nos encontramos de novo, só que fiquei com vergonha e não falei nada. Ele puxou propositalmente o carrinho pra trás enquanto eu passava pelo corredor, e me acertou pra me dar uma lição, porque logo depois disse “desculpa”, como quem diz “é assim que se faz moçinha”. E eu saí de perto.

Droga, tive a oportunidade de “me explicar” e não fiz nada, eu pensei. Tudo bem, na próxima eu falo. Pouco depois nos encontramos em outro corredor. Ele me olhava com raiva. Eu achei que ia jogar o carro com todo aquele bacon e coca-cola na minha cabeça.

Me aproximei dele. Quando olhei bem pro seu rosto eu vi. Ele era um nojento. Sabe aquela pessoa que é educada num supermercado, mas que tem cara de quem cospe do 4 andar pra acertar a cabeça de quem passa, corta os outros no trânsito e grita com a empregada? Eu detestei ele. Profundamente. E não pedi desculpas porra nenhuma. Se ele não era adulto o suficiente pra entender que naquela situação esbarrões eram inevitáveis, problema dele. Nisso minha mãe chamou e fui pra fila do caixa, leve, feliz, pensando que enquanto ele ia se encher de bacon e ficar horas remoendo aquela história eu ainda tinha tempo de ir pra ipanema ver o pôr-do-sol.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ah, essas situações do cotidiano de nós urbanistas chegam a ser fantásticas! Lembro-me de uma em que passei ao ir cabelereiro, a cena começou antes de chegar, procurando um lugar para cortar o cabelo, quando me vi sentado cortando meus cachos (rs), pensei em escrever tudo aquilo que ouvia e conversava (até agora não tive coragem), e depois desse episódio ocorreram vários outros que seria interessante roterizar, com esse blog aqui dá pra se inspirar hein!
Adorei as duas primeiras histórias, e deu pra imaginar bem você nelas!!! rsrs

Beijos.
Te adoro com saudades.

Anônimo disse...

Hahahaha
Situações que você vê o tempo todo.
O cara deve ter ficado se remoendo durante dias até.
- Ah, aquela menina mal educada que esbarrou em mim.
É a vida.

Anônimo disse...

Porra, só eu que escrevo mal na família?!
saudades de você!
beijos do mano.

Unknown disse...

Oi Joyce!Como vai?
Adorei saber que tu está escrevendo!!
Vou passar por aqui sempre!

Adorei como descreveu a situação, muito bom rs*!!!Boa escrita!
Um beijooo da lôra!