O dia era de muito calor no Rio de janeiro, onde passei as férias neste fim de ano. E ao entrar num supermercado não imaginava o que me esperava. O próprio inferno na Terra. Não somente pela temperatura, mais principalmente por, bem, basicamente tudo.
O local era horroroso, imundo, lotado. Cheio de crianças (claro que elas estavam chorando e fazendo birra). Era um empurra-empurra frenético, porque imagino eu, ninguém estava agüentando ficar ali. O calor da cidade pede poucas roupas, o que é ótimo se você está num lugar espaçoso, onde ninguém vai encostar o braço gordo e suado nas suas costas limpinhas, que acabaram de sair do chuveiro. Não era esse o caso.
Nesse cenário, com cheiro de cebola misturado com sabonete de quinta categoria, aconteceu o inevitável: esbarrei num cara. Não de propósito, mas como estava de saco cheio, fiz o que qualquer um faria, não pedi desculpas e continuei meu caminho. Ele ficou puto. Muito puto. Falou qualquer coisa que eu não entendi. Então me deixou com uma culpa terrível. Eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser procurar o cara e me desculpar com ele. Explicar que não foi de propósito, que diferente de todos ali naquele ambiente, eu era educada e sabia sim pedir desculpas. Até que nos encontramos de novo, só que fiquei com vergonha e não falei nada. Ele puxou propositalmente o carrinho pra trás enquanto eu passava pelo corredor, e me acertou pra me dar uma lição, porque logo depois disse “desculpa”, como quem diz “é assim que se faz moçinha”. E eu saí de perto.
Droga, tive a oportunidade de “me explicar” e não fiz nada, eu pensei. Tudo bem, na próxima eu falo. Pouco depois nos encontramos em outro corredor. Ele me olhava com raiva. Eu achei que ia jogar o carro com todo aquele bacon e coca-cola na minha cabeça.
Me aproximei dele. Quando olhei bem pro seu rosto eu vi. Ele era um nojento. Sabe aquela pessoa que é educada num supermercado, mas que tem cara de quem cospe do 4 andar pra acertar a cabeça de quem passa, corta os outros no trânsito e grita com a empregada? Eu detestei ele. Profundamente. E não pedi desculpas porra nenhuma. Se ele não era adulto o suficiente pra entender que naquela situação esbarrões eram inevitáveis, problema dele. Nisso minha mãe chamou e fui pra fila do caixa, leve, feliz, pensando que enquanto ele ia se encher de bacon e ficar horas remoendo aquela história eu ainda tinha tempo de ir pra ipanema ver o pôr-do-sol.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
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4 comentários:
Ah, essas situações do cotidiano de nós urbanistas chegam a ser fantásticas! Lembro-me de uma em que passei ao ir cabelereiro, a cena começou antes de chegar, procurando um lugar para cortar o cabelo, quando me vi sentado cortando meus cachos (rs), pensei em escrever tudo aquilo que ouvia e conversava (até agora não tive coragem), e depois desse episódio ocorreram vários outros que seria interessante roterizar, com esse blog aqui dá pra se inspirar hein!
Adorei as duas primeiras histórias, e deu pra imaginar bem você nelas!!! rsrs
Beijos.
Te adoro com saudades.
Hahahaha
Situações que você vê o tempo todo.
O cara deve ter ficado se remoendo durante dias até.
- Ah, aquela menina mal educada que esbarrou em mim.
É a vida.
Porra, só eu que escrevo mal na família?!
saudades de você!
beijos do mano.
Oi Joyce!Como vai?
Adorei saber que tu está escrevendo!!
Vou passar por aqui sempre!
Adorei como descreveu a situação, muito bom rs*!!!Boa escrita!
Um beijooo da lôra!
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